O método de cálculo
Todos os dias, necessitamos de tomar várias decisões. Muitas delas não são de grande importância, mas há muitas outras que exigem uma atenção mais séria e mais pormenorizada. Cada decisão depende de alguns critérios e, às vezes, há a possibilidade de se fazer uma comparação entre características mensuráveis (por exemplo preço, altura, peso, etc.).
Mas o que fazer quando nossa decisão depende de características que não podemos exprimir dessa maneira? Por exemplo, quando os critérios são design, qualidade, segurança ou prazer? E tudo isso combinado com os nossos gostos e as nossas convicções?
Já lhe aconteceu achar uma alternativa melhor do que a outra e que essa seja até melhor do que uma terceira e que, ao mesmo tempo, todas as alternativas tenham simultaneamente vantagens e desvantagens? Se isso nunca lhe aconteceu, estas páginas não são para si.
O processo do decidir consta na avaliação das várias alternativas correspondentes a um certo conjunto de critérios. O problema surge no momento da escolha, quando precisamos de optar por aquela alternativa que satisfaça a maioria das nossas preferências.
Sabia que já existe um método simples que o pode ajudar nisso? Um método que toma em consideração mesmo a sua percepção, a intuição e todos os factores racionais e irracionais que surgem ao se deparar com as várias alternativas?
O método chama-se Processo Analítico Hierárquico (AHP Analityc Hierarchy Process).
Este é um método baseado numa comparação entre pares de alternativas (comparações binárias), onde cada uma delas está definida pelas suas preferências – você é quem define a intensidade e o peso da preferência de cada uma delas, tal como a sua relação, considerando os seus critérios.
Do mesmo modo, você compara o valor dos critérios.
O AHP é um processo de tomar decisões forte e flexível. Ele ajuda a determinar prioridades e tomar a melhor decisão em casos definidos por aspectos qualitativos e quantitativos. A complexidade presente em cada decisão é reduzida à comparação de pares de alternativas e, sintetizando os resultados obtidos, o AHP também o ajuda a obter uma decisão racional.
Thomas Saaty criou este método nos anos 70, enquanto dava aulas em Wharton School of Business. Criado para reflectir o modo como pessoas pensam, o AHP é ainda hoje em dia um dos métodos mais usados e mais apreciados. No processo de tomada de decisões importantes em negócios, o AHP é usado por muitas instituições e companhias mundiais.
Porquê não tentar?
O Processo Analítico Hierárquico (AHP) é um método matemático.
Tal como com outros métodos e técnicas de decisão, o AHP dá-lhe a possibilidade de comparar a importância particular de cada alternativa com um outra dentro do mesmo critério.
O método é baseado nas preferências pessoais e mostra qual escolha é a melhor. O valor do método não está apenas reduzido à procura do melhor resultado, mas também `a distinção entre as diferentes etapas e elementos a favor do resultado obtido.
As descrições teorética e matemática do método
Antes de mais, é necessário definir um conjunto de elementos, constituído por alternativas e critérios que queremos tratar. Este conjunto então passa numa estrutura hierárquica cujos elementos são os critérios e as alternativas.
Depois de se ter definido esse conjunto, começa a elaboração do modelo matemático que nos ajudará a calcular as prioridades dos elementos situados no mesmo nível hierárquico.
O inteiro processo do AHP pode ser descrito pelas seguintes etapas:
Estabelece-se um modelo hierárquico do problema em causa, que contem o objectivo da escolha, os critérios e as alternativas.
Em cada nível do modelo hierárquico existem pares de elementos que se comparam entre si, incluindo as preferências expressas pela escala de Saaty. Nas obras de referência técnica, essa escala é descrita como uma escala de cinco graus principais e quatro graus intermédios. Todos os graus contêm descrições verbais das intensidades, equivalentes a uma escala que varia de 1 a 9. Na tabela são apresentados os valores e as suas descrições para que possamos comparar as importâncias relativas do modelo AHP.
A Escala Fundamental de Saaty
Intensidade
de Importância
|
Definição
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Explicação
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1
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Igualmente
importante
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Dois critérios ou duas alternativas que contrubuem igualmente para o objectivo
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3
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Importância moderada
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Considerando a experiência e o julgamento, um critério ou uma alternativa tem uma moderada vantagem ao outro.
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5
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Importância estrita
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Com a base na experiência e na estimativa, um dos critérios ou uma das alternativas é estritamente mais favorável do que a outra
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7
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Importância muito estrita e comprovada
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Um critério ou a alternativa é significativamente mais favorável do que o outro e essa dominação de importância é demonstrada na prática
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9
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Importância extrema
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Os argumentos pelos quais se prefere uma das alternativas são comprovados na maneira mais persuasiva
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2,4,6,8
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Valores intermédios
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Através da apreciação de importância relativa dos critérios e das alternativas que neles existem, vamos calcular (através do método AHP) as suas prioridades locais que, posteriormente, serão calculados nas prioridades globais das alternativas. Uma vez obtidos, os resultados passam a ser analizados.
Descrevamo-lo com mais pormenores.
O primeiro passo seria definir um conjunto de elementos da escolha. Um conjunto de alternativas entre quais procuramos a melhor para nós. Em seguida, procuramos os critérios para compararmos essas alternativas. É importante notar que tudo isso é definido por si. Sendo assim, a decisão será baseada nas suas próprias preferências.
Para explicar os passos seguintes, usaremos a terminologia matemática.
Que “n” seja o número de critérios ou alternativas cujo peso (ie. prioridades, importâncias) – expresso por “wi” – se define na base de avaliação de rácios assinalada com aij = wi/wj. O rácio das importâncias relativas (expresso por “aij“) forma a matriz A. Em casos de apreciações coerentes que equivalam a aij= aik*akj, a matriz consta na equação Aw=nw.
A matriz A tem qualidades específicas: todas as suas linhas são proporcionais `a primeira linha, todas são positivas e equivalem a aij=1/aji
e, em consequência, só um dos seus valores próprios é diferente de 0 e igual a “n”.
Se a matriz contenha apreciações incoerentes (e a prática mostra isso sempre), o vector de peso w pode ser calculado pela equação (A-λI)w=0, sob a condição ∑wi=1, onde λmáx exprime a maior importância da matriz A.
Pelas características desta matriz λmáx ≥ n, a diferença λmax – n serve-nos para medir a coerência das avaliações. Com o Índice de Coerência IC = (λmax -n)/(n-1) vamos calcular o rácio de coerência RC=IC/IA. A sigla “IA” representa o índice aleatório cujos valores estão representados na tabela seguinte.
Índice de Coerência Aleatória IA
n
|
1
|
2
|
3
|
4
|
5
|
6
|
7
|
8
|
IA
|
0,00
|
0,00
|
0,52
|
0,89
|
1,11
|
1,25
|
1,35
|
1,40
|
n
|
9
|
10
|
11
|
2
|
13
|
14
|
15
|
IA
|
1,45
|
1,49
|
1,51
|
1,54
|
1,56
|
1,57
|
1,58
|
Se a matriz A equivaler a RC<0,1000, as apreciações das importâncias relativas de critérios (as prioridades das alternativas) consideram-se aceitáveis. Se assim não for, é preciso analisar as razões porque a inconsistência das apreciações tem essa dimensão.
Muitas vezes pode acontecer que o rácio de coerência seja maior de 0,1000. Ainda bem, isso só mostra quanta incoerência há na sua escolha. Apesar disso, você terá a sugestão para a melhor alternativa. Este é o valor do método AHP. Você pode sempre fazer a revisão das intensidades de importância escolhidas e assim verificar qual a alternativa melhor e quanto é esta melhor que a alternativa seguinte.
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